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UM POUCO DA
HISTÓRIA DE VIDA DO CRIADOR DO SANDUÍCHE
BAURU |
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Filho de Hermínio e Leonilda Pinto, Casimiro Pinto Neto nasceu em
Bauru em 05 de abril de 1914. Seu pai era titular da Coletoria
Federal, órgão arrecadador do Governo Federal, cargo este que foi
assumido pela sua mãe após a morte do pai. Em Bauru estudou no
Colégio São José e no Guedes de Azevedo, onde concluiu o ciclo
ginasial (ensino fundamental) e já em São Paulo concluiu o
secundário (ensino médio).
Em 1931, prestou vestibular na Faculdade de Direito do Largo São
Francisco e, segundo funcionários do museu dessa instituição, ele
não foi um aluno comum. Participou ativamente do Diretório Acadêmico
e, durante a Revolução de 32, integrou o Batalhão 14 de julho da
Faculdade de Direito. Era conhecido por “Bauru” e, durante a
revolução, usou o nome da cidade que trazia em seu coração escrito
em seu bibi (pequeno chapéu de pano do seu fardamento). Casimiro
terminou seus estudos em 1940 e seu diploma esta exposto no Bauru
Chic por desejo de sua família.
Em 1938, Casimiro foi nomeado titular do Cartório de Paz da Vila
Maria. Enquanto estudante ocupou o cargo de Auxiliar de Gabinete do
então Secretário da Justiça, César Lacerda de Vergueiro. No período
de 1939 a 1941 foi Oficial de Gabinete do Governador Adhemar de
Barros. Concluiu o curso de Direito em 1940, quando começou a
exercer a profissão.
Casimiro foi um homem versátil, trabalhando como locutor de rádio,
no qual foi, por alguns anos, titular do programa Repórter Esso, em
São Paulo (noticioso radiofônico, que depois foi produzido para a
televisão, transmitido no Rio de Janeiro com apresentação de Heron
Domingues). O programa era transmitido em horário definido, mas
poderia entrar a qualquer momento, sempre que houvesse uma notícia
importante e de interesse nacional, o que não era raro acontecer. |

Segundo Wladimir de
Toledo Piza, ex-prefeito de São Paulo e amigo de Casimiro, o
Repórter Esso deu-lhe grande projeção social, tornando-o um elemento
sempre presente na alta sociedade, o que contribuiu para
transformá-lo em um dos chamados “ornamentos sociais de São Paulo.”
Era muito solicitado e disputado, pois, pelo fato de ser bastante
comunicativo, alegrava os ambientes e conseguia milagres para manter
viva a TV de Paulo Machado de Carvalho.
Em 1945, assumiu o cargo de diretor comercial da Rádio Panamericana
e, posteriormente, foi diretor financeiro da TV Record. Permaneceu
nesse cargo até 1981, quando então adoeceu. Faleceu em 02 de
dezembro de 1983.
Casimiro casou-se duas vezes. De seu segundo casamento, com Miriam,
teve duas filhas: Patrícia e Cássia.
Segundo palavras de seu amigo, o ex-prefeito de São Paulo Wladimir
de Toledo Piza, que conviveu com ele nos anos 30 e 40:
“Casimiro era um moço bastante simpático. Desde que passou a
residir em São Paulo frequentava o Ponto Chic, local de reunião dos
jovens daqueles tempos. Eu era médico pediatra e depois que atendia
alguns pacientes na residência dos mesmos - fato que hoje não
acontece mais - comparecia ao Ponto Chic para saborear um sanduíche
e conversar com os amigos que não tinha o ensejo de encontrar a toda
hora. |
Já como chefe do Cartório de Registro Civil da Vila Maria, recebeu
vários volumes da obra que escrevi, cujo título era “Livro das
Mãezinhas” (exemplar exposto no Bauru Chic). Nele eu explicava como
se compunha uma refeição para uma criança em relação à idade. O peso
e o número de calorias seriam fornecidos por três elementos básicos:
proteínas, hidratos de carbono e gorduras; sais minerais e vitaminas
deveriam fazer parte, porém não cooperando para o valor calórico,
mas contribuindo para a satisfação de outras necessidades do
organismo.
Casimiro gostou do livro e daquela linguagem bem acessível. Certa
noite, chegando ao Ponto Chic ele disse:
‘– Hoje quero receitar um sanduíche que atenda à alimentação
perfeita. Vou lançar aqui um sanduíche novo com hidrato de carbono
(era o pão); gordura (era a manteiga que o pão recebia); proteína
(era a carne, de preferência rosbife); fatias de queijos fundidos e
legumes (tomate).’
Acredito que depois o Ponto Chic foi colocando outros atrativos de
acordo com a preferência dos clientes e o sanduíche ganhou a
denominação de Bauru, porque era o que o Bauru lançou e ficou sendo
o que todos pediam, pois tinha os bons componentes alimentares, por
meio de vitaminas, sais minerais etc.”.
Nas palavras de Casimiro, o sanduíche Bauru nasceu há mais de 70
anos, da seguinte maneira:
“Era um dia em que eu estava com muita fome. Cheguei ao Ponto Chic
e falei para o sanduicheiro Carlos:
– Abre um pão francês, tira o miolo e bota um pouco de queijo
derretido dentro.
Depois disso, o Carlos já ia fechando o pão e eu falei:
– Calma, falta um pouco de albumina e proteína nisso. Bota umas
fatias de rosbife junto com o queijo (eu tinha acabado de ler um
livreto sobre a alimentação de crianças, que a carne era rica nesses
dois elementos).
Ele já ia fechando de novo, quando eu tornei a falar:
– Falta a vitamina, bota aí umas fatias de tomate.
Quando eu estava comendo o segundo sanduíche, chegou o Quico –
Antonio Boccini Junior –, que era muito guloso e pegou um pedaço do
meu sanduíche e gostou. Daí ele gritou para o garçom, que era um
russo chamado Alex:
– Me vê um desses do Bauru!
Os amigos foram experimentando e o nome foi ficando. Todos, quando
iam pedir, falavam: ‘Me vê um do Bauru’. E assim ficou o nome de
Bauru para o sanduíche”.
Como disse acima o Dr. Toledo Piza, o Ponto Chic acrescentou à
receita de Casimiro o pepino em conserva e, já há algumas décadas, o
sanduíche Bauru é feito da seguinte maneira: fatias de rosbife,
rodelas de tomate, rodelas de pepino em conserva e quatro queijos
fundidos num pão francês especial de 60 gramas. |
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